Saiba o que é leishmaniose e como proteger seu cachorro

Doença transmitida por mosquito afeta animais e humanos; nos cães, não tem cura

Doença que afeta animais e humanos, a leishmaniose é uma das zoonoses mais negligenciadas e que depende de medidas preventivas para o controle.

A propagação acontece a partir da picada do mosquito-palha infectado pelo protozoário Leishmania chagasi, e tem nos cães a principal fonte de infecção.

“A leishmaniose é uma doença que nos preocupa durante o ano inteiro, mas é importante reforçar que fatores climáticos como temperatura e umidade podem fazer com que o número de casos aumente em determinados períodos, afetando não só os cães, mas também os seres humanos. Por isso, é muito importante que toda a população invista na prevenção e evite a transmissão”, afirma Kathia Almeida Soares, médica-veterinária e coordenadora técnica pet da MSD Saúde Animal.

Em humanos, a doença é grave, mas tem tratamento. No caso dos animais, o medicamento resulta no desaparecimento dos sinais clínicos, melhora os sintomas e diminui as chances de transmissão, mas tem alto custo e o cachorro não ficará livre do protozoário. O acompanhamento médico deve ser permanente.

No Brasil, o primeiro medicamento contra a doença foi aprovado em 2016. Antes, a eutanásia era a única recomendação para animais infectados.

No entanto, os custos impedem que todo animal infectado tenha acesso ao remédio. Com isso, eutanásias continuam sendo determinadas pelo país.

Em maio, uma decisão judicial deu uma segunda chance a um buldogue francês de três anos que havia sido entregue pelos tutores ao Centro de Zoonoses após diagnóstico de leishmaniose.
A ação foi proposta pela veterinária Márcia Maria Lodi Venturoli, que já cuidava de Boris, e pelo Projeto Adoção São Francisco. Segundo o TJ (Tribunal de Justiça), para conceder a liminar, o juiz da Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do DF fundamentou a decisão no direito à vida em todas as suas manifestações, presente na Constituição Federal.​

Em seguida, a cadela Marvel foi entregue ao Centro de Controle de Zoonoses do DF. A eutanásia foi suspensa em cima da hora, em uma corrida contra o tempo de defensores da causa animal.

“Não temos políticas públicas voltadas para o problema, não temos campanha de vacinação, não temos campanha de conscientização. Não vivemos mais na época onde matar é aceitável nem como forma de solucionar um problema”, publicou dias depois a advogada Ana Paula de Vasconcelos, especialista em direito animal.

Para chamar a atenção da população, o Agosto Verde é o mês dedicado para alertar sobre os cuidados de prevenção e combate à doença.

O QUE É A LEISHMANIOSE?

A leishmaniose é uma doença infecciosa causada por parasitas do gênero Leishmania, transmitidos principalmente por meio da picada de um flebótomo, mosquitos pequenos de hábito de hábito crepuscular e noturno.

A doença pode afetar pessoas e animais de estimação, como os cachorros.

Existem dois tipos, a visceral, que acomete os órgãos internos, e a cutânea, que agride as mucosas e a pele.

“A mais comum nos cachorros é a visceral. A transmissão da doença acontece principalmente quando os flebótomos se alimentam de sangue. Quando esse inseto pica o animal infectado, ele se infecta e transfere o protozoário ao picar o humano. Isso quer dizer que o cão é o principal reservatório do protozoário, mas é importante lembrar que ele não transmite a doença diretamente para as pessoas”, afirma Kathia.

QUAIS OS SINTOMAS DA LEISHMANIOSE?

De acordo com a médica-veterinária, na leishmaniose visceral os principais sintomas são perda de sangue por meio das fezes e do nariz, febre, vômitos, diarreia, perda de peso, alterações dermatológicas e desidratação. Já a leishmaniose tegumentar, ou cutânea, se manifesta por meio de lesões na pele do animal.

No entanto, há casos assintomáticos, o que dificulta o diagnóstico.

Nos humanos, os sintomas incluem febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, anemia.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE?

O diagnóstico e o tratamento indicado cabem ao médico-veterinário.

Para isso, muitas vezes, não deve ser baseado em apenas um exame, afirma Kathia.

“A visita periódica à clínica veterinária é essencial, já que muitos cães podem estar infectados pelo protozoário e o tutor não perceber”, diz.

COMO PREVENIR A LEISHMANIOSE?

A melhor forma de evitar a leishmaniose é a prevenção. Para isso, há um conjunto de medidas.

Coleira específica e vacina podem evitar a doença são recomendadas, especialmente em áreas onde há maior risco de infecção.

A veterinária reforça a importância de manter a limpeza da casa, que deve estar livre de matéria orgânica, pois é onde o mosquito transmissor se prolifera.

Como cuidados adicionais, o tutor deve adotar telas de proteção no imóvel, principalmente no local em que o pet mais fica; evitar passear com o cachorro ao entardecer e à noite, quando o mosquito transmissor é mais ativo, e seguir sempre as orientações do médico-veterinário.

Manter o animal protegido é fundamental para assegurar a saúde de toda a família, já que o inseto infectado pode picar o cão e as pessoas com quem ele convive.

HÁ TRATAMENTO CONTRA A LEISHMANIOSE?

Há tratamento, mas isso não implica cura. Por isso, o acompanhamento médico deve ser permanente.

O medicamento resulta no desaparecimento dos sinais clínicos, melhora os sintomas e diminui as chances de transmissão, mas o cachorro não ficará livre do protozoário.
Os custos, no entanto, dificultam o acesso a todos os animais infectados,
Vacinação e uso de produtos tópicos com ação repelente, como coleira antiparasitária, são fundamentais para a prevenção —sempre sob orientação do veterinário.

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